O que você precisa saber sobre TDAH
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O que é TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica crônica. Ele afeta o desenvolvimento do autocontrole, da atenção e da
regulação do comportamento. Pode se manifestar desde a infância e persistir na vida adulta.
Não se trata de “falta de disciplina ou “preguiça”, mas sim de alterações reais no funcionamento cerebral.
Prevalência do TDAH
Estima-se que o TDAH afete cerca de 5% das crianças em idade escolar no mundo. Nos adultos, a prevalência gira em torno de 2,5%, sendo muitas vezes subdiagnosticado. A condição afeta pessoas de todas as classes sociais e níveis de escolaridade. Pode impactar o desempenho acadêmico, profissional e os relacionamentos pessoais.
TDAH em Adultos
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode ser mais difícil de diagnosticar durante a vida adulta. Os sintomas podem ser semelhantes aos de transtornos do humor, transtornos de ansiedade, e transtornos por uso abusivo de substâncias. Como autorrelatos dos sintomas na infância podem não ser confiáveis, os médicos talvez precisem rever os registros escolares ou entrevistar os familiares para confirmar a existência de manifestações antes dos 12 anos.
Em adultos, os sintomas incluem:
Dificuldade de concentração
Dificuldade de concluir tarefas (comprometimento da função executiva)
Oscilações de humor
Impaciência
Dificuldade de manter relacionamentos
Critérios diagnósticos de TDAH no DSM-5
- Incluem 9 sinais e sintomas de desatenção e 9 de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico que utiliza esses critérios requer ≥ 6 sinais e sintomas de um ou ambos os grupos. Além disso, é necessário que os sintomas
- Estejam presentes muitas vezes por ≥ 6 meses;
- Sejam mais pronunciados do que o esperado para o nível de desenvolvimento da criança
- Ocorram em pelo menos 2 situações (p. ex., casa e escola);
- Estejam presentes antes dos 12 anos de idade (pelo menos alguns sintomas);
- Interfiram em sua capacidade funcional em casa, na escola ou no trabalho.
Sintomas de desatenção:
- Não presta atenção a detalhes ou comete erros descuidados em trabalhos escolares, no trabalho ou outras atividades;
- Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou durante jogos, por exemplo aulas, leituras prolongadas, conversas;
- Não parece prestar atenção quando abordado diretamente;
- Não acompanha instruções e não completa tarefas;
- Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades, incluindo gerenciar tempo;
- Evita, não gosta ou é relutante no envolvimento em tarefas que requerem manutenção do esforço mental durante longo período de tempo (procrastinação);
- Frequentemente perde objetos necessários para tarefas, dia a dia ou atividades escolares (celular, chaves, lápis, óculos)
- Distrai-se facilmente (para adultos, se manifesta como pensamentos “aleatórios” em meio a atividades);
- É esquecido nas atividades do dia dia (tarefas escolares, pagar contas, lembrar de compromissos, retornar telefonemas).
Sintomas de hiperatividade e impulsividade:
- Movimenta ou torce mãos e pés com frequência;
- Frequentemente movimenta-se pela sala de aula ou outros locais onde se espera ficar sentado;
- Corre e faz escaladas com frequência excessiva quando esse tipo de atividade é inapropriado (em adultos - se sente agitado);
- Tem dificuldades de brincar tranquilamente, ou participar de atividades tranquilas;
- Frequentemente movimenta-se e age como se estivesse "ligado na tomada";
- Costuma falar demais;
- Frequentemente responde às perguntas de modo abrupto, antes mesmo que elas sejam completadas;
- Frequentemente tem dificuldade de aguardar sua vez;
- Frequentemente interrompe os outros ou se intromete.
Tratamento do TDAH
O tratamento do TDAH deve ser multimodal, combinando diferentes abordagens:
Psicoeducação: entender o transtorno é o primeiro passo;
Terapia cognitivo-comportamental (TCC): melhora o manejo dos sintomas;
Medicamentos: Estimulantes como metilfenidato (Ritalina) ou lisdexanfetamina (Venvanse), quando indicados. Atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação da noradrenalina, também é eficaz, mas os dados são ambíguos quanto à sua eficácia em comparação com os medicamentos estimulantes;
Apoio escolar e orientação familiar também são essenciais.
Transtorno de Ansiedade não é TDAH!
O transtorno de ansiedade e o TDAH são condições diferentes, embora compartilhem sintomas como inquietação e dificuldade de concentração.
No TDAH, esses sintomas estão ligados a um padrão persistente de desatenção e impulsividade, enquanto na ansiedade surgem como resposta ao medo e preocupação excessiva.
A origem, evolução e tratamento das duas condições também diferem.
Ansiedade pode ser episódica e ligada a gatilhos específicos ou a estresse persistente, com sintomas normalmente presentes há 6 meses a 1 ano; TDAH é crônico e aparece na infância.
Um diagnóstico preciso exige avaliação clínica detalhada, pois os dois podem coexistir.
Escala de Autorrelato ASRS-18
A Adult Self-Report Scale (ASRS) foi criada com o objetivo de adaptar os critérios diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), descritos na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), para a realidade da população adulta. Esses critérios foram originalmente elaborados com base em estudos conduzidos com crianças e adolescentes.
Dessa forma, a ASRS surgiu como uma ferramenta específica para identificar sintomas de TDAH em adultos. O estudo atual descreveu o processo de adaptação transcultural do instrumento, originalmente em inglês, para uma versão adequada ao contexto brasileiro.
Os achados demonstraram uma boa equivalência entre as versões, sendo implementadas algumas modificações após a etapa de debriefing, o que destaca a relevância desse procedimento em adaptações desse tipo.
Como utilizar a escala
Para suspeitar de TDAH, deve-se observar as respostas aos itens da Parte A (Desatenção: questões 1 a 9) e/ou da Parte B (Hiperatividade-Impulsividade: questões 1 a 9). A presença de quatro ou mais respostas indicadas como "frequentemente" ou "muito frequentemente" em uma ou ambas as partes sugere uma possível presença do transtorno, devendo ser considerado um indicativo para investigação diagnóstica mais aprofundada.
