Diabetes Mellitus e os Impactos no Trabalho e Produtividade
14 agosto, 2025
1. Panorama Geral
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica, progressiva e frequentemente silenciosa. Muitas pessoas continuam suas atividades por anos sem perceber sinais claros da doença, especialmente nas fases iniciais. Por isso, o diabetes não costuma gerar faltas pontuais frequentes como ocorre em doenças agudas — mas seu impacto acumulativo na saúde e na capacidade laboral é expressivo.
Segundo a International Diabetes Federation (IDF), mais de 10% da população adulta mundial vive com diabetes, e no Brasil a prevalência gira em torno de 9% a 10%. Uma parcela importante desses indivíduos está em idade ativa.
A Organização Mundial da Saúde estima que até 70% dos casos poderiam ser prevenidos.
2. Complicações Crônicas e Impacto Funcional
O diabetes mal controlado favorece lesões progressivas nos vasos sanguíneos e nervos, levando a complicações microvasculares e macrovasculares:
2.1. Microvasculares
- Retinopatia diabética – Pode evoluir para perda significativa da visão ou cegueira, comprometendo tarefas que dependem de acuidade visual.
- Nefropatia diabética – Doença renal crônica que pode exigir diálise, afastando o trabalhador definitivamente.
- Neuropatia periférica – Dor, formigamento, perda de sensibilidade nos pés e mãos, aumentando risco de úlceras e amputações.
- Neuropatia autonômica – Pode causar hipotensão postural, distúrbios digestivos e disfunção sexual.
2.2. Macrovasculares
- Doença arterial coronariana – Infarto do miocárdio, principal causa de morte em diabéticos.
- Acidente vascular cerebral (AVC) – Pode causar sequelas motoras e cognitivas importantes.
- Doença arterial periférica – Pode levar a isquemia crítica de membros e amputações.
3. Impacto no Trabalho
3.1. Faltas Pontuais
- Devido ao caráter silencioso do diabetes, crises agudas e internações frequentes não são a regra nas fases iniciais.
- Isso significa que, no curto prazo, o trabalhador pode manter a assiduidade, mas já apresentar queda de desempenho por fadiga, dificuldade de concentração ou alterações visuais leves.
3.2. Presenteísmo
- É mais relevante que o absenteísmo nos estágios iniciais: o profissional está presente, mas com desempenho reduzido por sintomas crônicos ou complicações iniciais.
- Pode durar anos até que complicações mais graves exijam afastamento.
3.3. Afastamentos Prolongados
- Quando as complicações crônicas se instalam, o afastamento tende a ser definitivo ou de longa duração.
- O diabetes está entre as principais causas de aposentadoria por invalidez no INSS, principalmente por sequelas cardiovasculares, renais e visuais.
4. Mensagem-chave para Empresas e Profissionais de Saúde
- O diabetes não costuma “parar” o trabalhador de um dia para o outro, mas mina a capacidade funcional de forma progressiva.
- O resultado: menos faltas agudas, mas maior risco de perda precoce de capacidade laboral.
- Isso reforça a importância de rastreamento periódico, controle glicêmico rigoroso e programas de prevenção no ambiente de trabalho.
Impacto das Complicações Crônicas do Diabetes no Trabalho
Retinopatia diabética
- Perda gradual da visão, visão borrada ou dificuldade para focar.
- Reduz segurança em tarefas que exigem acuidade visual (ler telas, operar máquinas).
- Pode evoluir para cegueira parcial ou total → incapacidade para funções visuais críticas.
Nefropatia diabética
- Redução da função renal, fadiga, inchaço.
- Necessidade de consultas e tratamentos frequentes, menor resistência física.
- Evolução para diálise ou transplante → afastamento definitivo.
Neuropatia periférica
- Dor, formigamento, perda de sensibilidade nos pés e mãos.
- Reduz destreza manual e equilíbrio; aumenta risco de quedas.
- Úlceras e amputações podem comprometer mobilidade e trabalho físico.
Neuropatia autonômica
- Hipotensão postural, distúrbios digestivos, intolerância ao calor.
- Pode causar quedas, mal-estar e fadiga durante a jornada.
- Limita atividades que exigem esforço prolongado.
Doença arterial coronariana
- Dor no peito, falta de ar, limitação ao esforço.
- Reduz tolerância a tarefas físicas e aumenta risco de eventos agudos no trabalho.
- Infarto com sequelas pode levar à restrição permanente ou aposentadoria.
Acidente vascular cerebral (AVC)
- Déficits motores, de fala e de raciocínio.
- Afeta coordenação, comunicação e tomada de decisão.
- Sequelas graves frequentemente causam incapacidade permanente.
Doença arterial periférica
- Dor e dificuldade para caminhar (claudicação).
- Dificulta deslocamentos e atividades que exijam mobilidade.
- Isquemia crítica pode levar a amputações e perda funcional severa.
Em um mundo cada vez mais sedentário, muitos passam mais de 9 horas por dia sentados, mesmo sabendo que esse hábito eleva o risco de doenças cardíacas, câncer e morte precoce. Um estudo publicado em 2024 na JAMA mostrou que quem passa a maior parte do tempo sentado tem 16% mais risco de morrer precocemente. 

